Se você está acumulando dívidas na atividade empreendedora ou na vida pessoal, fique atento: Não tomar atitudes terá, sim, impactos na sua vida. Se não mudar o resultado tende a ser o mesmo: continuar no vermelho e entrar, futuramente, em colapso absoluto. Comecei a vida sem capital e, levando pancadas, fui acumulando conhecimentos que influenciaram em práticas que fizeram diferença para sair do vermelho e aqui seguem dicas rápidas.
Saiba viver bem com o mínimo – Pobre é quem precisa muito para viver. E muitas vezes o colapso das empresas está no descontrole financeiro da vida pessoal de seus sócios. Você precisa definir um Prolabore e viver com ele, sem subterfúgios. É normal chegar numa empresa, realizar a análise financeira dela e não aparecerem, nos dados repassados, as retiradas dos sócios. Aos serem questionados, surge a resposta: um prolabore e um, dois salários. Com a lupa no caso é possível que os sócios usam, e muito, de uma estrutura da empresa e, muitas vezes, fazem retiradas que comprometem o caixa delas. Falta de liquidez numa empresa é um perigo e, para evitar isso, o primeiro passo é rever as despesas familiares que, geralmente, sangram organizações que, infelizmente e, erroneamente, misturam contas pessoais de empresariais, o que, também, deve ser mudado.
Controle sua empresa – Quem não controla não gerencia. Apenas acha que está gerenciando. Como muitos sócios tiram dinheiro do caixa se nem sabem o resultado da empresa. É indispensável saber o resultado operacional – quanto que a operação rendeu; o resultado líquido – quanto sobrou depois da operação e dos custos financeiros e os pontos de equilíbrios – valores que, a partir dali, representam acima lucros e abaixo prejuízos. Bem como outros indicadores em cima de pontos vitais do negócio.
Saiba para onde foi o dinheiro – Existem casos de sociedades que, levianamente, determinado sócio diz que foi roubado, pois “sumiu” o dinheiro. Na maioria dos casos o dinheiro até sumiu do caixa, mas se diluiu no chamado ciclo operacional, abastecendo fornecedores, estoques e prazos concedidos aos clientes. Empresas com compradores compulsivos muitas vezes se estrangulam por adquirir demais, tendo um giro médio de estoques muito prolongado; outras compram à vista e acham que estão fazendo o máximo e outras concedem mal o crédito e, nestes casos, se estrangulam em liquidez. Certa vez atendi empresa de varejo que estava usando todos os créditos possíveis, pagando juros pesados e no limite. Fui analisar o ciclo e percebi, claramente, compras compulsivas que geraram um estoque 5 vezes acima do ideal. Resultado: mercadorias sobrepostas, “entulhadas” que não vendiam; mercadorias vencendo e, literalmente, se perdendo. A partir da mudança do ciclo da empresa ela pagou todas as dívidas e ainda fez caixa.
Estabeleça caminhos – Se você não tem meta qualquer resultado é aceito e seu time vira BG (Bunda Grande), tal a acomodação na filosofia “o que vir tá bom”, erro fatal. Empresa ou profissional liberal sem horizonte de meta não sabe para onde ir e se acomoda. Mude a atitude.
Contrate bem e valorize quem está ao seu lado – Certo dia conheci um grande empresário na região central do Paraná que evidenciou que precisava enxugar os custos. E iria enxugar em fornecedores para diminuir o Custo da Mercadoria Produzida – CMP de sua indústria e vários outros variáveis e alguns fixos. Tudo menos os ganhos do time. Segundo ele, quem acha que tirar ganhos do time é vantajoso comete equívoco gigante: afinal é o time que faz a empresa e precisa ter maior tempo de permanência nela e comprometimento com resultados. Profissionais que se sentem enganados ou desprezados, instintivamente, não oferecerão o potencial que apresentam. Se você pensa em ganhar sozinho e curte isso, repense, pois será o primeiro prejudicado em liderança e resultados. Sua organização deve pagar, no mínimo, o equivalente ao mercado e se possível acima, tendo estímulos variáveis que são mobilizadores.
Foco em potenciais passivos – Liste o que pode gerar passivos elevados para sua atividade. A partir disso adote ações preventivas ou protetivas em cima deles. Há casos de demandas financeiras inesperadas que comprometem a vitalidade da atividade. Quem tem muito dinheiro não sofre, mas se você está começando deve ser mais precavido.
Desprenda-se do ego – Você não tem, necessariamente, que ser o melhor da empresa. Cerque-se de pessoas melhores que você e as valorize, criando um círculo virtuoso de prosperidade. Muitas vezes o ego inibe a realização de muitos profissionais que acabam migrando para a concorrência, muitas vezes nem por dinheiro, mas por ambiente e pequena valorização a mais. Sabemos que temos escassez de gente qualificada no Brasil, mas, justamente por isso, temos que valorizar quem está na casa e sabemos de suas virtudes e defeitos e como potencializar resultados com quem tem história conosco.
Forme o time certo – Você precisa de gente que esteja para fazer diferença. Se não está comprometido ou apresenta liderança negativa, tente alinhar e fazer com que a energia seja a favor da empresa. Se não conseguir, tenha a coragem de mudar. Muitas vezes custa caro, dói, mas aumenta suas chances. Bom sempre ter um banco de profissionais possíveis para ingresso futuro na organização.
Cuidado com o excesso de ambição – Faça o certo. Muitas vezes surgem oportunidades mirabolantes, maravilhosas. Desconfie delas e faça com que haja um crescimento contínuo e progressivo da sua organização. Saltos em desenvolvimento e atividades em que os faturamentos sobem e descem a cada momento, podem ser altamente perigosos.
Tenha previsibilidade – Ter caixa, ter crédito e ter previsibilidade futura gera segurança e tranquilidade na gestão, bem como compras melhores, decisões mais acertadas e mais harmonia nas relações.
Sem desespero em vendas – Importante a empresa ter receitas para chegar ao ponto de equilíbrio. A partir dali reveja valores para agregar mais rentabilidade geral, o que impactará, diretamente, no lucro líquido. Trabalhar para se manter, não é boa escolha: a atividade precisa de lucro, o que, verdadeiramente, traz segurança e prosperidade.
Por Marcelo Silveira Dalle Teze, Consultor em gestão avançada de atividades empreendedoras www.emxbrasil.com.br Foto: Freepik