Por Marcelo Silveira Dalle Teze
Vivemos a transição mais intensa da história da humanidade. Nunca tantos avanços tecnológicos, disrupções sociais e mudanças culturais aconteceram em tão pouco tempo. A inteligência artificial, a robótica e os sistemas automatizados já estão substituindo parte significativa das funções antes exercidas por humanos. E isso é só o começo.
O capitalismo clássico, baseado em emprego formal e consumo em massa, está em colapso silencioso. Em cerca de 15 anos, metade da população mundial provavelmente não terá vínculo empregatício formal. A economia será parcialmente mantida por uma elite produtiva, hiper qualificada e altamente adaptável. O restante da sociedade viverá sob um novo modelo híbrido, que chamo de social capitalismo.
Neste sistema, o Estado se verá obrigado a criar mecanismos de sustentação econômica — não por ideologia, mas por pura necessidade de estabilidade social. Auxílios, moedas digitais programáveis, empregos subsidiados e políticas públicas de inclusão digital serão essenciais para evitar rupturas.
Nos países de primeiro mundo, robôs humanoides com inteligência artificial já são realidade operacional nas indústrias. Com custo médio em torno de US$ 120 mil dólares, esses equipamentos são capazes de operar máquinas industriais com precisão — e, pasme, também realizam serviços de manutenção, com rotinas programadas que vão desde substituição de peças até diagnósticos preditivos.
A substituição de funções operacionais básicas já está em andamento — o que antes parecia ficção científica agora tem CNPJ, nota fiscal e manual técnico. A pergunta não é mais “se”, mas “quanto tempo você ainda terá um humano naquela função?”
Os que conseguirem permanecer no mercado formal serão valorizados como nunca antes. Serão poucos — porém indispensáveis. Precisarão dominar tecnologias, comunicar-se com profundidade, pensar de forma estratégica e agir com velocidade. O diferencial será comportamental e não apenas técnico.
Ser adaptável será mais importante do que ser especialista.
Em um horizonte mais distante, viveremos a era dos seres bio eletroeletrônicos. A simbiose entre homem e máquina deixará de ser ficção científica para se tornar realidade funcional: chips, implantes neurais, conexões diretas entre cérebro e dados. O corpo será interface. A mente será plataforma.
Será a era da fusão: biológica, tecnológica, emocional.
A resistência ao novo é a antessala da exclusão. A escola, as empresas, o terceiro setor e o Estado precisam preparar mentes para o inesperado. A criatividade, o autoconhecimento e a capacidade de cooperação serão os pilares da nova sociedade. Quem lutar contra isso ficará para trás.
A mudança já começou. Ela é silenciosa, mas implacável. O futuro exigirá coragem para abandonar velhos paradigmas, humildade para aprender o tempo todo, e ousadia para inovar mesmo diante do caos.
O mundo não será mais dividido entre ricos e pobres, mas entre os que se adaptaram e os que ficaram para trás.
Marcelo Dalle Teze é personal support, atuando em consultoria empresarial avançada www.emxbrasil.com.br