Cotidianamente percebemos gurus evidenciando o fim do emprego e que as pessoas trabalhão por projetos e pelo que entregarem. De fato, isto irá acontecer, mas muitas organizações terão seus olhos voltados para talentos honestos, dedicados, focados e com o objetivo de crescer e fazer a trajetória de vida dentro delas. Mesmo com a pior das crises as organizações precisarão, sim, de gente honesta e que faz acontecer e, se os resultados forem efetivos, estarão dispostas a mantê-los pela importância estratégica que tem.
Empresas que não têm histórico de retenção pagam um preço altíssimo de evasão de cultura, queda de qualificação dos serviços e centralização por incapacidades operacionais das pessoas que deveriam fazer acontecer. Em resumo: “economias” geradas por políticas de alternâncias contínuas (Turnover) e por impulsividade por mandar embora daqueles que deveriam ser os gestores de talentos, podem gerar prejuízos descomunais, redução na liquidez na empresa e uma lentidão nos processos sem precedentes pela evasão de conhecimentos acumulados. Um verdadeiro perigo.
No Brasil seis a cada 10 empresas abertas fecham antes de completarem cinco anos de atividades. Nesta realidade mais de 90% são pequenas empresas que entram no processo de falência. Algo que além de gerar desemprego, proporciona aos empreendedores, na grande maioria dos casos, sequelas financeiras quase de irrecuperáveis. É o último estudo do IBGE que, lamentavelmente, deve se intensificar na fase pós coronavírus.
Justamente por este motivo de tendência da ampliação falimentar de negócios e pelo chamado “risco Brasil”, um dos mais expressivos do mundo, muitos jovens e mesmo profissionais consolidados em seus mercados estão partindo para uma trajetória muito valorizada no passado e que andava sendo deixada de lado: de criar trajetória de desenvolvimento profissional numa única empresa.
Em busca de maior segurança estes profissionais procuram, sim, desenvolvimento em empresas que apresentam boa infraestrutura, ambiente agradável de trabalho e perspectivas de crescimento. E, nela, traçam estratégias pessoais para busca de novos patamares. Quais as vantagens disso? Em muitos casos este trabalhador pode, desde que disposto a alcançar metas produtivas, conseguir boa remuneração financeira e, assim, investir em sonhos pessoais importantes, como casa própria, veículos, investimentos e estudos, com uma minimização significativa do fator risco.
Trabalhadores que, despreparados, se lançaram a empreender sem conhecimentos administrativos, comerciais e/ou capital adequado para a empreitada geralmente amargam mais problemas do que imaginam. Começando pelas responsabilidades que possuem com os profissionais envolvidos na sua atividade; por criar falsas terceirizações; por conceder mal o crédito e por se deparar com sociedades que, na prática, são tão complexas quanto um casamento. Afinal uma coisa é ser amigo, colega e outra é dividir desafios, lucros e, inclusive, prejuízos, procurando ser o mais justo possível.
Certa vez acompanhamos três profissionais muito bons na Área Comercial de uma multinacional que resolveram montar um negócio juntos: uma empresa de característica ltda que, sem um correto plano de negócios, de largada se deparou com a falta de capital de giro, num mercado que é cruel e implacável para quem não tem muito recursos para captar seus insumos com valores competitivos e menos recursos ainda para conceder prazos para seus clientes. Nesta empresa um dos sócios apresentava restrições bancárias, o que agravava ainda mais a capacidade de captações. O resumo da história é que a empresa durou 1,5 anos. Os sócios investiram na empresa, juntos, cerca de R$1,2 milhões e saíram da jornada com uma dívida de aproximadamente R$4 milhões, perdendo tudo o que tinham, comprometendo recursos familiares, a saúde, o sono, casamento e as amizades. Tudo por uma falsa visão de ganho fácil como empresário.
Empreender é como atravessar um grande canal a nado. Para não afundar há a necessidade de um sonho, uma disposição brutal, de técnica, de vocação, de uma equipe de apoio, de preparo prévio e de abrir mão de luxos que antes possuía. Dentro da nova visão de valor da vida e seus propósitos há uma nova tendência, na contra-mão do que se difundia, de voltarmos a uma realidade que nossos pais se depararam: de ver pessoas fazendo carreira e sucesso numa única empresa que apresenta, sim, pontos negativos mas, para quem prima por segurança, certa estabilidade e tranquilidade é uma forma continuada de renda, realizações pessoais e progresso na vida pessoal. Há quem se aventure para o diferente e dê certo, mas muitos fatores foram favoráveis e, sem dúvida, a cada 10, apenas quatro ou menos chegarão onde sonharam cinco anos depois. E cinco anos voam…
Empreender sem estar preparado e vocacionado para isso é gerar um problema social para si e para os outros. Muitas vezes as oportunidades, dentro de suas expectativas e sonhos, podem estar mais próximas do que imagina. É uma questão de redefinir sua trajetória e de maneira honesta, focada e com o esforço necessário, chegar lá. Grandes empresas acolhem, de braços abertos, quem for honesto, determinado e sonha em ter uma trajetória integrada com a dela. Nesta jornada você, como colaborador, também pode ser um empreendedor de transformações pessoais e profissionais.
Foto: Freepik