Os líderes estão verdadeiramente preparados para descentralizar seus objetivos de forma organizada e de maneira que se transformem em práticas tanto na iniciativa privada quando na área pública? Geralmente não, pois há um “desvirtuar” do entendimento do que é uma boa gestão. Existe um prefeito no Brasil que ganhou notoriedade plantando jardins e “colocando a mão na massa”, como se fosse o máximo, sendo amplamente reverenciado. Verdadeiro engano perceptivo, pois neste tempo em que estava numa atividade restrita, específica e meramente operacional deveria estar planificando e distribuindo atividades para toda uma equipe administrativa, potencializando o poder de transformação dos talentos humanos sobre o que foi estabelecido.
Há ainda o líder que diz que tem tudo na cabeça. O problema é que está claro, somente na própria cabeça dele e, assim, o entendimento do grupo dos direcionamentos a serem tomados fica restrito ou confuso. Em mais de 20 anos de atuação em consultoria nunca vi algo melhor do que a Gestão Estratégica Interativa, quando o líder estabelece seus objetivos e suas metas e, a partir daí, coordenadores de setores/secretarias definirão, com seu grupo, o que farão, na prática, para aquilo se materializar. Estabelecidas as prioridades dos setores elas passam a ser debatidas, num giro de diálogos com os demais coordenadores setoriais que escutam e sugerem aprimoramento e sinergias. Assim, após concluídos diálogos entre todos, o setor base estabelece, novamente, suas prioridades que são validadas, posteriormente, pelo grande grupo.
O que muda a partir da interação apresentada? O problema deixa de ser do prefeito ou do gestor da empresa. Ele passa a ser claro e compartilhado. Existem gestores que carregam um fardo pesado nas costas, por não saber compartilhar e muito menos descentralizar. E, aí, as ações não se materializam. Pode estar cheio de boa vontade mas, na ponta, o que interessa que é a ação prática, não ocorre.
A partir das prioridades estratégicas por setor há a formação de um Grupo Gestor para monitoramento periódico das ações que vai avaliar o que está indo bem e o que deve ser aprimorado durante a jornada. E cada coordenador de Setor abrirá planos de ações, com prazos e responsabilidades, para que suas prioridades se materializem. Periodicamente este coordenador de Setor prestará contas ao grande grupo, com a participação de seus principais parceiros, num movimento continuo de engajamento e comprometimento.
Administrar não é uma tarefa fácil. E administrar de forma compartilhada é algo primordial para quem busca a gestão 4.0, ou seja, estar um passo a frente dos demais. Difícil? Não. Mirabolante? Não. Apenas uma questão de vontade, atitude e uso das ferramentas transformadoras certas que também coloquem indicadores para acompanhamento da jornada.
Quem não mede não gerencia. É uma frase que parece radical, mas lanço a você um desafio. Digamos que você tem que ir de carro até Curitiba. Se eu for e desconectar todos os marcadores de seu veículo para você viajar. Quais serão, sem marcador algum (Velocidade, combustível e outros apontamentos) as sensações na sua viagem? Insegurança, medo, desconforto e outros. Pois na viagem da administração de um negócio ou um órgão público a sensação não deveria ser diferente. Você deve ter marcadores essenciais funcionando e lhe abastecendo continuamente informações que possam apontar se você corre riscos ou não. Sem eles, estará numa jornada ao obscuro.
Pense por ai: compartilhar desafios, descentralizando. Monitorar o andamento das ações ao longo da jornada e manter os controles em dia e sendo avaliados.
A vida é cheia de surpresas em todas as áreas. Quem administra bem pode enfrenta-las, mas terá, sem dúvida alguma, melhor controle da jornada. O resto é chute e emoção que, geralmente, a gente sabe no que dará.
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