Perfil diretivo pode fazer toda diferença
Num país onde sobram desempregados e faltam profissionais qualificados e comprometidos geralmente os empreendedores se colocam numa condição de reféns da condição estabelecida. A organização muitas vezes está operando no vermelho e o meio mais convencional de enfrentamento e o deixar como está e, justamente aí, neste ponto, começa o início do fim. Empresas em crise não podem deixar para um momento extremíssimo para buscar ajuda, pois pode ser tarde demais. E o sinal claro de que precisam de ajuda é o resultado financeiro mensal… Se não está evoluindo precisa mudar, algo que envolve estratégias, processos e, principalmente, a forma de lidar com as pessoas envolvidas. Numa empresa em crise geralmente é cada um por si e Deus por todos, num nítido desmantelamento do capital social dela, limitando, radicalmente, o poder de mobilização de seus dirigentes.
E existem vários perfis de dirigentes que interferem, também, nos resultados:
0 centralizador – em que a empresa só dá certo com ele e ninguém nela presta, o que alimenta um ambiente interno desmobilizador e uma limitação de expansão do negócio. De tão centralizador ele não quer que a empresa cresça mais do que um patamar para não perder o controle. Numa empresa em crise o centralizador tende a enxuga-la para melhorar os controles, só que, conforme for o endividamento, a redução do faturamento pode ser fatal. Na empresa do centralizador se alguém se sobressair o dirigente dará um jeito de achar problemas no trabalho de tal colaborador para recentralizar, para si, aquilo que estava tomando outros rumos. O dirigente centralizador tem, na cabeça dele, que ser o melhor, o mais competente e infalível profissional da empresa, o que, além de ser um engano, gera um atraso na departamentalização.
O narcisista – que se acha o máximo e qualquer trabalho, seja de quem for, não vale nada. Pensa em ganhar sozinho e se puder adotar a Lei de Gerson: “Levar vantagem em tudo”, de certeza adota, descumprindo acordos previamente combinados e focando em picuinhas que estão longe de ser a solução para a empresa. Numa empresa em crise tende a apontar todos como responsáveis pelo estágio dramático vivido, menos ele mesmo. Seus colaboradores tendem a ser submissos e focados no ganho financeiro. O dirigente centralizador tem, na cabeça dele, que ser o melhor, o mais competente e infalível profissional da empresa e se alguém se atrever a afronta-lo está fora. Afinal ele manda ali, numa visão administrativa da década de 50.
O relapso – Descentraliza tanto que vira refém do time por não saber o que está acontecendo e geralmente não possuir indicadores conjunturais. É um verdadeiro alheio. Numa empresa em crise os dramas maiores surgem e ele não tem a mínima ideia de onde vieram, muitas vezes buscando soluções fáceis como “estou sendo roubado”, quando, possivelmente, a causa é o mau controle do andamento da atividade, com ações pontuais em fontes de sangria.
O cansado – Não vê mais uma luz no fim do túnel e analisa qualquer investimento como problema a mais. Só pensa em vender a empresa e fala aos quatro cantos isso. Este perfil desmantela o grupo. Afinal as pessoas geralmente estão numa empresa por perspectivas, ambiente e uma remuneração digna. O discurso dele desmantela as perspectivas e afeta o ambiente.
O revolucionário – que só usa em sua estratégia a palavra “mudar tudo”, “mandar embora”, sem dar chances e norte para os envolvidos. Isso também aniquila perspectivas na empresa e, com o passar do tempo, ficará com profissionais ruins que estão lá pela submissão e dinheiro.
O desonesto – Um gestor que é desonesto, começando pelo seu próprio time, não cumprindo o que pactua e dando sinais nítidos de descaso a condição de quem o cerca, tende a ter problemas com sabotagens individuais e até do grupo. Ainda mais em organizações em que as atividades não tenham um grande controle. As pessoas estão percebendo, claramente, quem se preocupa com elas e quem não está nem aí e acabam tomando rumo. Ou, para segurar, este dirigente, assim como o narcisista e o centralizador, acaba pagando mais do que a média do mercado, numa efeito bumerangue que aumenta, no final das contas, os custos da organização.
O pessimista – Gestor em que nada dará certo e que o caminho é deixar como está. A política econômica, a política, o mundo, as pessoas, enfim, tudo afetará sua vida. Enquanto ele pensa assim, o mundo vai dando um jeito – em cima de suas inesperadas mudanças – de ir gerando oportunidades para quem tem outros olhares: a visão da oportunidade a partir das mudanças. Empresas gigantes desmoronaram quando não se reinventaram e muitas outras vão enfrentar o mesmo, se não mudarem ou buscarem ajuda no tempo certo.
Há sim, dirigentes transformadores que sabem equilibrar, estabelecendo horizontes estratégicos, compartilhando sonhos, sabendo ser firmes e ternos e a delegar para pessoas muitas vezes melhores que eles para que o bem maior, a empresa, alcance o tão sonhado lucro. Este último perfil existe sim e geralmente carregam legados de crescimento, por descentralização e monitoramento de resultados e redefinições de caminhos para as organizações que atuam.
Há, também, colaboradores complicados com perfis difíceis não muito distantes dos acima apresentados. Não existe receita pronta, mas a experiência e a ciência mostram caminhos que tendem a gerar maior assertividade
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