O amanhã hoje nas empresas familiares
Categorias:

A sucessão familiar faz parte da história de qualquer empresa. E os problemas relacionados a transição de uma geração para outra tendem a ser complexos, pois existem vários tipos de sucessores: os que não querem assumir o negócio, por não desejarem seguir o modelo de vida dos pais; os que querem assumir porém não toleram se submeter a orientações iniciais dos progenitores e ainda existem os pais que, mesmo já sem forças, não conseguem “largar o osso”, ou seja, transferir a gestão para os filhos por aspectos como temeridade quanto ao futuro da empresa ou mesmo por medo de perder o poder de aproximação afetiva que, neste estágio, tende a ser um relacionamento muito mais por interesses que por afetividade, infelizmente se refletindo em ambas as partes.

Genética não é por si só e nunca será fator de sucesso nos negócios e em qualquer tipo de atividade.  Por outro lado, existem excelentes sucessores das atividades dos pais que desde cedo passaram a se inteirar da atividade e a conhecer detalhes do negócio, atuando, antes da gestão geral, em diversos pontos da empresa. Eles acabam conhecendo melhor a atividade e, posteriormente, fica mais fácil assumir a administração.

No processo de sucessão também existem armadilhas para as famílias. Uma delas é a gestão “profissionalizada” que, em alguns casos não reúne gestores “profissionais” mais preocupados em contratar amigos ou dar um jeito de lucrar com a venda da empresa.  E o pior, há casos que fazem de tudo para que o potencial sucessor seja desgastado prematuramente e nunca assuma a função máxima da empresa, criando, por ilusionismo, a visão completa de inaptidão do pretendente. E ai é o começo do fim de uma sucessão familiar.

Por outro lado existem, também, trabalhos sérios em gestão corporativa em que os sucessores participam de reuniões de um conselho de administração, geralmente, mensais. Eles opinam e a execução se dá, como o próprio nome induz a concluir pelo Executivo da empresa, o que tem se mostrado bastante interessante e de futuro para as empresas que precisam continuar, independente do fim das atividades de seus fundadores. Mas para o Conselho funcionar é preciso, antes de qualquer coisa, separar o pessoal do profissional para que hajam decisões que tenham como soberanos os interesses da empresa.

E em famílias grandes a situação se complica pelas visões naturalmente divergentes do negócio, podendo, inclusive, limitar a velocidade necessária de transformação da atividade por impasses que surgem sem uma liderança forte e ativa e regras claras de condutas para as decisões finais. É algo que se agrava se o fundador faleceu e os sucessores receberam tudo sem preparo, de um momento para outro. Geralmente cada membro ocupa uma posição na empresa e, se não bem trabalhada a atuação de cada um envolvendo autonomias e limites, pode ser o início do fim de boas relações familiares e as vezes do negócio.

A matemática que explica a sucessão em empresas é reflexiva. As pessoas não pensam da mesma forma e se um fundador tem 3 filhos por exemplo, tais filhos terão noras e genros que também gerarão influência e logo surgirão os netos e, depois, cônjuges dos netos e assim por diante. Chega um momento em que a forma de gestão pode se tornar insustentável, bem como, em alguns casos, a voracidade de dependência financeira das famílias do fundador aos lucros da empresa, o que pode comprometer sua saúde financeira e afetar todo um ciclo de desenvolvimento do negócio.

Para tudo existem estratégias que exigem o entendimento do que é a empresa, do que é o patrimônio pessoal e do que são as relações familiares e profissionais. A maturidade da família neste entendimento pode fazer a diferença e a mutualidade, num bom alinhamento estratégico de ações, um passo a mais para o sucesso da atividade após a geralmente brilhante atuação de seu fundador.

Foto: Freepik

Compartilhe nas suas redes:
Por Marcelo Dalle Teze
Em 29-dez-2023
Sobre o autor: Administrador habilitado em Marketing e jornalista, especialista em Gestão de Pessoas e em Indústria 4.0, MBA em Gestão Industrial. Amplo conhecimento em Governança Corporativa, Gestão Financeira e experiência em comunicação. É auditor ISO9001:2015 com ampla experiência em consultoria empresarial em diversos segmentos. Autor do Livro – Horizonte Estratégico Interativo para a Prática – HEIP e com atuação em cases vencedores do Top de Marketing ADVB-PR e ganhador de prêmios nacionais de comunicação e gestão.

Gostou deste artigo? Deixe um comentário.

Veja mais
Conteúdos relacionados
O mercado de trabalho vive um momento que aflige o empreendedor
“Apagão de mão” de obra pode gerar evasão de empresas Décadas atrás quando imigrantes brasileiros vivendo em outros países falavam de seus ganhos financeiros em atividades essencialmente braçais básicas davam a sensação de que viviam em outro mundo. Era algo muito distante da realidade de municípios paranaenses e catarinenses e outros em prosperidade no Brasil.…
Marcelo Dalle Teze
Em 21-ago-2024
Ver mais
O futuro que retém talentos é vital para transformar
Por Marcelo Dalle Teze Você sabe o motivo que leva as pessoas estarem na sua organização? Perspectivas, futuro... As pessoas pensam no presente, mas muito mais no futuro que atividade pode proporcionar na vida profissional. Mas se sua empresa não tem uma visão estratégica – um futuro definido, como pode gerar perspectivas para quem integra…
Marcelo Dalle Teze
Em 15-out-2024
Ver mais
A necessidade da cultura empresarial 4.0
Olá. Tudo bem com você? Estamos vivendo um momento singular de transformações na gestão empresarial. Justamente por este motivo deixo uma pergunta: - Será que somente informatizando e colocando robótica em sua organização haverá a solução da maior parte dos problemas enfrentados cotidianamente? Acredito que não. Fala-se muito, aos quatro cantos de indústria 4.0, de…
Marcelo Dalle Teze
Em 29-dez-2023
Ver mais
Tenha acesso a nossa expertise para impulsionar os resultados da sua empresa. Entre em contato com nossa equipe pelo WhatsApp, é simples e rápido.
Falar com consultor